Associação entre bursite trocantérica, osteoartrose e artroplastia total do quadril.

Associação entre bursite trocantérica, osteoartrose e artroplastia total do quadril.

Dra. Caroline Kalsing comenta o artigo dos autores: Schwartsmann C.B, Loss F, Spinelli LF, Furian R, Silva MF, Zannata JM, Boschin LC, Gonçalves RZ, Yépez AK. Associação entre bursite trocantérica, osteoartrose e artroplastia total do quadril. Rev Bras Ortop. 2014;49(3):267–270

Este artigo constitui-se como um estudo observacional descritivo, observando a incidência de bursite trocantérica (BT) no momento da artroplastia total de quadril (ATQ) de pacientes com osteoartrose primária. Deste estudo foram excluídos os casos de pacientes com osteoartrose secundária (pacientes com artrite reumatóide, epifisiólise proximal do fêmur, tumores locais, displasia do desenvolvimento do quadril, doença de Legg–Calvé-Perthes, fraturas prévias do quadril, hemofilia, osteonecrose, sequela de artrite séptica e tuberculose, e os que já haviam feito procedimentos prévios do quadril a ser operado ou submetidos a radioterapia.
Foram avaliadas as bursas trocantéricas de 62 pacientes submetidos a ATQ que nunca tiveram histórico de BT. Dos pacientes avaliados, 35 eram do sexo feminino e 27 do sexo masculino. Desses pacientes, 9 apresentaram bursite trocantérica.
O objetivo principal do estudo foi observar a incidência de BT no momento da ATQ com intuito de sugerir a remoção da bursa trocantérica no momento da ATQ, visto que a remoção da bursa trocantérica não é uma técnica adotada por todos os cirurgiões e a ocorrência de BT pos-operatória é de 4,6%
O que chama a atenção é o fato de esses pacientes não terem histórico de bursite trocantérica na evolução para osteoartrose e, posteriormente, para ATQ. O artigo não considera o tempo de acometimento da patologia em cada caso, mas a associação de BT com osteoartrose e ATQ é considerável. Então a crítica que pode ser feita a este artigo é o fato de não mencionar o tempo de acometimento de cada caso e afirmar que os pacientes não tiveram histórico de BT, sendo que a BT estava ativa no momento da ATQ. Qual a possibilidade de esses pacientes não terem recebido o diagnóstico correto de BT durante a evolução da osteoartrose?
Finalizando, posso concluir que o diagnóstico precoce de patologias como a BT é fundamental para a evolução e prognóstico dos pacientes que apresentam dor no quadril, visto que a partir do diagnóstico correto, poderemos interferir precocemente e talvez efetivamente na redução da evolução de patologias como osteoartrose.